sexta-feira, 1 de maio de 2009

Um fragmento - Parte I

Eu lembro bem do primeiro menino que gostei, que me interessei. Meu Deus! Eu era uma piveta! Mas lembro que achava o Joãozinho um cara superinteressante. Sabe o cara mais popular do colégio? Aquele bonitão que todas as meninas paqueravam? O que parava a hora do recreio? Pois é, não era ele. Ao contrário, era só mais um garoto do recreio.
Em plena plena sétima série, um garoto da oitava. Que não era o mais bonito, mas eu achava que era. Só porque ele era legal e me dava atenção. Só porque ele me chamava de "Santinha" e me fazia mil perguntas sobre como eu podia ser daquele jeito.
Lembro de um dia que eu adorei. Um dia de reunião de representantes de sala. A reunião dele foi a primeira, a minha foi uma das últimas. E ele ficou lá esperando comigo, só conversando bobagens. Me falando das idéias malucas dele de colocar um piercing enorme pra irritar a mãe dele. Eu ria. Lembro que pegamos o mesmo ônibus pra casa. Ele desceu logo e eu bem depois. Mas fiquei voando um bom tempo e quase perdi o ponto.
Até hoje lembro a data do aniversário dele: dia seis de agosto. E era minha senha pra tudo: senha do e-mail, senha de travar meu celular, meu código PIN, e pra qualquer outra coisa que eu precisasse, se alguém arricasse, estaria lá: 0608.
Não acho que tenha sido meu primeiro amor. Era só um garoto legal. Ele nem gostava de mim. E mudou de colégio quando eu fui pra oitava série. Depois disso, não tive mais notícias dele, nem o encontrava em lugar nenhum.
Ao fim da oitava série eu mudei de cidade. E apesar de ter passado todo o ano sem ver ou ter notícias do João, eu ainda lembrava dele, e pensava se ia encontrar com ele antes de ir embora de lá. Pensava que eu o encontraria na nova cidade... Será que ele num tem família lá em Marazul? Vai saber... Só sei que eu ainda pensava nele. E isso durou até... Sabe que eu não lembro quando parei?! Só sei que parei de pensar nele. Foi minha primeira paixão, não meu primeiro amor.
Já se passaram tantos anos... Eu não faço a menor idéia do fim que o João levou. Aposto que se eu encontrar com ele não vou reconhecê-lo, vai passar desapercebido, como um garoto que é apenas mais um no meio do recreio.

Carola Guimarães

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