segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Despedidas

A maioria das minhas despedidas foram difíceis. Até quando eu tinha apenas 11 anos, sair de Águas Belas foi um pouco dolorido. Eu nem entendia nada direito, e tava feliz por estar indo a uma nova cidade. Mas eu sabia que sentiria falta de alguns (poucos) amigos, da casa da árvore, das aventuras na serra do Comunati, de Ralf, Eulália, Cora, Huguinho... E depois de pouco tempo eu já não sentia tanto a falta deles, era só uma saudade. Mas não doía.

Aos 14, me despedir de Paulo Afonso foi mais difícil. Alex, Jandeir, Daoud, Bel, Brígida... Nossas noites de música seriam mais interessantes se eu tivesse aprendido violão naquela época. Até hoje penso em Paulo Afonso com carinho. Só não sinto falta do calor, como é quente aquela cidade!

Despedir-se de alguém quando a mudança aconteceu dentro de mim é ainda mais difícil hoje. Aos 33, me despedi de alguém que eu pensava que estaria ao meu lado a vida inteira. Mas nossos caminhos começaram a mudar, e assim, ficamos opostos demais pra caminhar juntos. E já se passaram 7 meses, acho que está cicatrizando. Não estou sentindo a dor...

Tenho me despedido de "amigos", e de repente me vejo mais só e silenciosa. E essa despedia também é resultado de uma transformação dentro de mim... Não sem dor, mas com a certeza de que a caminhada aos poucos vai melhorar.

E eu fico ali pensando por uns bons dias, silencio, evito, falo pouco, tento colocar meus "muros".

Eu tô tentando melhorar, me cercar de pessoas com reciprocidade... Estou também com medo de pessoas novas. Parece que as pessoas vão mergulhar no meu interior, fazer um turbilhão, jogar água pra todo lado, me espalhar por aí... Quem sabe até carregar alguns baldes bem cheios. E quando tiver raso é que eu percebo que não posso permitir mais a entrada dessa pessoa. Aí, eu tenho que ficar sozinha, e com dor, pra me encher de mim novamente. 

Eu gosto de atenção, de carinho, de quem me dá bom dia de graça. Amo recirpocidade! De chamar pra sair e ter companhia, sem desculpas. Gosto quando alguém lembra de mim e me diz isso mesmo sem palavras. Gosto de quem respeita quem eu sou, desse jeito que eu sou. Admiro as pessoas que sabem ouvir! Que prestam atenção... E conseguem lembrar de um detalhe meu.

Eu não queria, mas acho que ainda tenho muitas despedidas pela frente... Espero que sejam com menos bagunça dentro de mim. A bagunça que fica sempre dói. Eu sou dramática, sensível, amorosa e intensa. Mas eu estou aprendendo com a vida... Meus muros estão um pouco mais altos... E a catraca da frente já não deixa qualquer um entrar.

Carola Guimarães 

2 comentários:

MaxBarroso disse...

Eu me pergunto se isso se chama envelhecer. E olho uma pessoa mais idosa e penso em quantas despedidas essa pessoa ja viveu. Quantas mais iremos viver hein Carol?

Carola Guimarães disse...

Nem acredito que você tá aqui! Hahaha Teremos tantas despedidas, Max... Inclusive dos "velhos nós"! Como você tá? Onde está escrevendo? Quero ler!