terça-feira, 26 de abril de 2022

Espaço e tempo

Num flashtime, vejo a mim mesma, 16 anos, tomando decisões que hão de pesar para sempre. Um sorriso, um toque de inocência, frio na barriga. Quantas realidades paralelas um sim (ou não) pode causar na linha do tempo? O que teria sido diferente naquele 31 de janeiro?

Cada pessoa que toca a sua alma deixa um pouco dela em você... Qualquer relação! E eu sempre fui tão seletiva quanto a isso... Apesar de ser comunicativa e amar fazer novos amigos, poucos terão acesso à minha alma, ao meu eu mais puro e rendido.

Quando você abre o seu coração, você está sujeito a tudo. Alguém que vai até sua casa pode trazer flores, pode não trazer nada, ou pode levar embora um pedaço seu. Mas a culpa sempre vai ser de quem abriu a porta. Você abriu a porta ou ela foi violada?

O que me pesa dos 16 anos, não é um relacionamento. Mas os caminhos que eu tomei dali. Aos 16 não há maturidade para tantas escolhas. No entanto, decidi ser dentista, decidi andar no sk8park, decidi "sonhos mortais", decidi pelo onze. Pulei o muro do clube interditado, mergulhei numa piscina verde e suja. O que tinha na cabeça da Ana Carolina de 16 anos? 

Aos 21, um novo encontro, um rebatismo, confirmação dos meus votos, na verdade. Algumas opções mudaram, mas ainda tinha futsal, ainda tinha praia, uma piscina semi-olímpica, com o sol rachando ao meio dia. Novas orações e metas. Começo meu TCC? Deu tudo errado na primeira tentativa de TCC. Dentro dos 21, um olhar mudou o meu caminho. E de repente me vi fazendo os planos de uma vida inteira. 

22 anos, Cirurgiã-dentista! Jogada no mundo de clínicas de alta produção. Decidi ser especialista. Aos 22 eu já tinha maturidade pra isso? Talvez. No meio do caminho pensei em desistir. Mas, segui! Olinda distante, o tempo em um instante. Novos projetos, nova comunhão, uma Seara inteira para colher.

Num piscar de olhos, 27. A Casa de Maria cheia de testemunhas. Testemunhas que eu mesma escolhi. O universo conspirava ao meu favor... Entre os mais sinceros votos e as mais reais atitudes, essa caminhada se perdeu... E mais uma vez, uma guinada na minha vida.

Já são 33, quase 34. Uma bagagem que não é tão pesada, mas traz grandes marcas. Uma mochila que carrego nas costas. Madura? Madura, talvez seja carinhoso demais. Velha? Talvez. Depende da referência, né? Se eu olhar pra frente, quero ir tão além! Os 33 anos parecem ser, apenas, os primeiros passos da minha caminhada.

A Carola dos 16 não está mais aqui. Mas a essência é a mesma. O sorriso tá voltando ao mesmo brilho iluminado. E uma nova conexão comigo mesma está acontecendo. Eu volto a ter tanta coisa minha de novo. Inclusive, o mesmo apê. Mesmas caixas de cartas... Tem carta de 1999!

Já troquei alguns bons pares de tênis, já troquei o walkman por disckman. Depois veio MP3, MP4... Hoje, uso fones bluetooth conectados às melhores playlists e álbuns no Deezer. Nunca mais teve futsal, nem skate. 

Entro nessa máquina do tempo, que é este blog, e retorno a um mundo tão meu. Guardo memórias, sentimentos, pensamentos, essências. Guardo um pouco de mim. Aqui tem uma parte vulnerável de mim. E se você está aqui, não faça análises. Esta já é a melhor terapia de mim mesma. E se você está aqui... Sinta-se privilegiado por ter acesso a uma parte tão íntima de mim. Aqui cabe muito do meu tempo e do meu espaço.

Carola Guimarães

Despausei mais um rascunho. ;) 

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